quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um haicai

no teu estreitado
a dimensão do meu ser
por entre tuas tramas

domingo, 5 de junho de 2011

Lembrando um haicai de Bandeira

no tronco de um jovem
freixo gravei nosso amor
- que nunca cresceu

IX

Ilharga, osso, algumas vezes é tudo o que se tem.
Pensas de carne a ilha, e majestoso o osso.
E pensas maravilha quando pensas anca
Quando pensas virilha pensas gozo.
Mas tudo mais falece quando pensas tardança
E te despedes.
E quando pensas breve
Teu balbucio trêmulo, teu texto-desengano
Que te espia, e espia o pouco tempo te rondando a ilha.
E quando pensas VIDA QUE ESMORECE. E retomas
Luta, ascese, e as mós vão triturando
Tua esmaltada garganta... Mas assim mesmo
Canta! Ainda que se desfaçam ilhargas, trilhas...
Canta o começo e o fim. Como se fosse verdade
A esperança.


Cantares do sem nome e de partidas (1995), Hilda Hilst