quarta-feira, 23 de março de 2011

Um haicai

distendem-se pálpebras -
um toque rubroamarelo
e aquece a mucosa

sexta-feira, 18 de março de 2011

afoiteza

HANSEN - (...) Talvez, como dizia o Mário de Andrade, o poeta brasileiro publica muito cedo, né? Devia ser... Não deve ser proibido adolescente fazer poesia, de modo algum, deve até ser incentivado, mas ele devia ser proibido de publicar. Ele devia fazer o teste do Horácio, quer dizer, guardar na gaveta nove anos, e daí quando reler, se não causar vergonha, presta. (risos) Entende? É que eles são muito açodados, muito afoitos. É que também tem uma ideologia aqui...

EC – Também porque é rápida... Edite...
HANSEN – Sim. E tem esta ideologia também da comunicação a toda força, e até de um certo narcisismo, do prestígio: eu quero ser reconhecido como poeta, né? O que é uma bobagem. O Guimarães Rosa que dizia, quando o Guteloris perguntou pra ele: o que você acha de ser o gênio da Literatura Brasileira. Ele falou, gênio? Não. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Trabalho. E mais Trabalho. Ele repete cinco vezes. E Rosa fala isso com autoridade, né? Percebe? Eu penso assim. Tô brincando um pouco é evidente, mas eu penso assim...

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Pra dar uma contextualizada, esse texto é de uma entrevista, mas que daria pra chamar de conversa, entre Edson Cruz e João Adolfo Hansen. Dá pra chamar de conversa pela própria informalidade da entrevista. (link aqui)
A coisa do afoito, não sei se quase 23 anos dá pra enquadrar como adolescente, mas isso ainda somos nessa idade. A coisa do status, tem sim, mas não sei até onde ela chega, mesmo em mim. Mas eu penso que também há uma necessidade de diálogo, principalmente pra quem está começando e sobra insegurança sobre o que se escreve, em vários níveis. Até pela própria ideia de se realizar uma poesia que seja contemporânea.
Mas assim, esse post é meio também porque eu não estava conseguindo dormir hoje. E blog é uma coisa meio afoita.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Um haicai

o antebraço nu
roçando lençóis azuis
as veias também azuis